sábado, 9 de agosto de 2014

Este é o edifício da igreja católica do município do Bungo, província do Uíge, República Popular de Angola.
Dedicada a Santo António.
É uma construção colonial dos anos cinquenta do século passado.
Veio-me a imagem, por mão amiga, como amigo era o meu primo António, que foi a enterrar, terça feira, 05 de Agosto de 2014. No cemitério do Lumiar, em Lisboa.
Era obstinado, conservador, prudente, bom filho e pai, e amante da música dos "Beatles". Foi, até, e com mais de sessenta anos, a um concreto do Paul McCartney.
Sonhava com viagens com a sua última companheira e ambicionava viver e sentir os seus ideais nessas aventuras.
Foi traído pela doença.
Finou-se.
Ainda o estou a ver, nos anos setenta, em Luanda, garboso no seu "Autobianchi", comprado com o soldo de uma comissão militar no Luiana (Angola, Cuando-Cubango), onde cumprira comissão ao serviço do "Império" português . Império que sempre defendeu, com honestidade e obstinação, como valor ingénuo e romântico próprio de um "hippie".
Esta contradição entre o ideal de liberdade nos costumes e o seu conservadorismo político e social sempre me intrigou. Mas foi sempre coerente e prisioneiro desses valores, até mesmo quando, num acto de bravura, resgatou os valores monetários em "caixa" do Banco onde trabalhava em Ndatalando (Angola, Cuanza Norte) e no meio de fogo cruzado de uma guerra civil que dilacerava a pré-independência de Angola. Ou até quando educou sozinho os seus filhos, em Tomar (Portugal), de certeza, com os mesmos valores que tanto o orgulhavam.
De igual modo se comportou, exemplar e laboralmente, como cidadão ao serviço da sua instituição patronal, mostrando que um "homem" é uma ser social mais valioso que a "Pátria".  
Fica por cumprir a "muambada" que combinámos (com discussão política de permeio, sempre tão acalorada), o regresso à floresta do Morro do Binda, ao Závula da infância,  e à "Tendinha" da esperança em ver teus netos ganharem asas em outros concertos e novos "rocks".
Meu caro António: apenas te antecipaste na bicha do fim que a todos nos espera.
E o velho Francisco continuará zelando/rezando por nós!
Até breve, meu camba!

Sem comentários:

Enviar um comentário